O setor da mineração está comprometido com a segurança

*Por Asley Assis

A mineração passa por transformações profundas devido à necessidade global de descarbonização e da transição energética, que, por sua vez, demandam a oferta de minerais estratégicos, como lítio, cobalto e de terras raras, essenciais para baterias e turbinas eólicas. Mas essa renovação vai além dos “novos” minerais e alcança a operação da mineração tradicional, com impacto em toda a cadeia, que se empenha nas pautas da agenda ESG.

A evolução da jornada do setor com a agenda ESG se desdobra a partir do compromisso assinado pelo Ibram em 2019 para tornar a mineração mais sustentável. E, de fato, ESG é a maior preocupação para empresas de mineração e metais, como identificou a EY em estudo realizado em parceria com o Ibram.

A segurança é tema essencial dessa agenda, uma vez que é um elemento crítico da natureza dessas operações, e com o qual o setor está especialmente comprometido. Em maio deste ano de 2024, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) lançou as “Diretrizes para Gerenciamento de Segurança de Processos na Mineração do Brasil”. O documento traça um Modelo de Gerenciamento de Segurança de Processos para Mineração (GSPM), composto por cinco eixos: Tecnologia, Operações, Instalações, Equipamentos e Estruturas, Pessoas e Liderança. “A mineração evoluiu muito e segue progredindo em todos os aspectos do ESG. O guia é um exemplo de que é possível que todos atinjam a excelência na Segurança de Processos no âmbito da indústria da mineração”, ressaltou o vice-presidente do Ibram, Fernando Azevedo e Silva, no evento de lançamento.

Enquanto isso, a segurança de pessoas ganha um reforço com a recente nova redação da Norma Regulamentadora nº 22 (NR-22) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que regula temas relativos à segurança e saúde ocupacional na mineração, à qual as empresas trabalham para se adaptar.

O resultado é que o mercado tem investido em projetos para a segurança, com o apoio da tecnologia, como o uso de simulações, análises de dados, otimização de fluxos, sensores, telemetrias e métodos inovadores de treinamento – boa parte dessas inovações pode ser vista na Exposibram 2024. Nesse sentido, vale a pena citar, como exemplo, uma iniciativa da Vale, que foi a construção da mina S11D, com um transporte de correias de longa distância, ou seja, uma operação truckless, mais limpa e segura. Pelas minas do país, observamos cada vez mais a presença de caminhões autônomos, que reduzem a exposição dos operadores ao risco.

Outro componente importante da transformação da operação tradicional de mineração passa pela descaracterização das barragens, que tem o objetivo de trazer mais segurança para as comunidades do entorno. O próprio sistema truckless torna desnecessário o uso de barragem de rejeitos. E tanto a Vale quanto a Samarco têm publicado atualizações sobre seus programas; vale acompanhar.

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*Asley Assis é gerentes de contas industriais do setor de mineração.